Escrito por Miguel Bruno Duarte
Veio finalmente a lume, numa edição de autor, o livro intitulado O cônsul Aristides de Sousa Mendes: a Verdade e a Mentira, assinado pelo embaixador Carlos Fernandes. Trata-se, na sua essência, de uma desmitificação da figura de Sousa Mendes enquanto herói salvador de milhares de refugiados no eclodir da Segunda Guerra Mundial, entre os quais um grande número de judeus, bem como da reposição da verdade histórica falseada no plano de uma campanha interna e internacional que não poupa a pessoa impoluta e aristocrática de Oliveira Salazar...
...Posto isto, a principal questão continuava por explicar, isto é: como teria sido humanamente possível que o «Schindler português» tivesse dado, em 1940, os 30 000 vistos (11) – que ademais nunca referiu (12) – a refugiados em apenas três dias – 17, 18 e 19 de Junho em Bordéus e no dia 21 em Baiona –, dos quais 10 000 a judeus? (13) A questão é, pois, clarificada por Carlos Fernandes:
«(…) a invenção dos 30 000 vistos, em cerca de três dias, dos quais 1/3 a judeus, é completamente mirabolante, obviamente não provada, porque é coisa impossível de se efectivar materialmente, pura e simplesmente por falta de tempo para dar tanto visto com tão pouco pessoal. Façam as contas e concluam. De facto, mesmo contando três dias, só teríamos 72 horas; descontando nem que fossem só 10 horas por dia para dormir, comer, toilette, etc., o que ninguém acredita que fosse assim, ficariam livres 42 horas; admitindo que pudessem dar 15 vistos por hora, que não davam, teríamos 630 vistos. Daqui para 30 000 vai o infinito. Mas ninguém se questiona perante esta atoarda! Há realmente gente de muita boa fé!»"
FONTE: Legião Vertical
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